11.12.01
Caos
Você está a um passo do parapeito de um prédio, o mais alto da cidade, na dúvida entre o suicídio e uma terapia de choque. O pensamento que passa na sua cabeça é de que o pulo vai doer mais, mas vai ser de uma vez: só se esborracha uma vez. E o eletrochoque? Sabe-se lá quantos choques se leva até dar um jeito numa mente problemática?
E agora? A liberdade do salto ou a prisão de uma camisa de força? A torcida na rua já escolheu seu lado – pula, pula!!! – mas se essa não é, finalmente, uma decisão que você tem que tomar sozinho, poucas outras aparecerão. Você decide ficar de vez no parapeito. É mais fresco.
A torcida está na final de um campeonato, irada e incontrolável. Todos querem ver o espetáculo, o seu espetáculo. Essa é sua chance de ser o protagonsta de algo, já que nem da sua vida você o foi, sequer por um dia.
Discargas elétricas passam pelos seus neurônios, deixam você corado como se (será possível?) estivesse envergonhado de algo. Não…não agora…não no seu momento….
– OHHHHHH!!!! (a torcida, como um coro)
– PLAFT…(Você, como uma bexiga cheia d´água, como um ovo, caindo do 14º andar)
Agora, há apenas uma mancha na calçada.
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