27.6.02

Ironia



Botecos sujos, sinuca, antros sórdidos e prostitutas. Motéis baratos, caminhadas em bairros barra pesada. Álcool, álcool, álcool. Amizades duvidosas e outras que não deixam dúvidas: não prestam. De todos, só me acompanham sempre meu cigarro caubói (sem filtro) e meu isqueiro dourado.

Drug dealears, pó, fumo, pico. Doideiras. Teto preto, náusea. Vômitos na rua e desmaios em casas desconhecidas. Festas ininterruptas. Viagens, bebedeiras, ressacas colossais. Sono? O que é sono? Não dormir por dias e dias e dias. De tudo, sempre comigo, meu cigarro caubói (alcatrão e nicotina sem intermediários, direto no pulmão) e meu isqueiro dourado.

Discussões, brigas e mortes. Pegas automobilísticos, seguidos de pancadarias generalizadas. Facas, tacos de beisebol, pistolas. Tiros na madrugada, feridos, um corpo irreconhecível de um abusado. Turmas, gangues e facções. Sempre do meu lado, meu cigarro caubói (fumo na língua) e meu isqueiro dourado.

Não fui morto em assalto, nem esfaqueado por uma puta ou por um cafetão. Nenhum deputado mandou me matar, não sofri acidentes automobilísticos, não fui espancado até a morte. Não fui atropelado bêbado, não me afoguei no meu próprio vômito, não tive uma overdose, não me suicidei (?).

Estou num leito, prostrado. Morrendo de efisema.

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