9.12.03

Sangue e amor



Não considerava o amor que tinha um sentimento. Era mais que isso, era físico, sentia seu amor no próprio sangue, fluindo por todo seu corpo e inundando seu coração. Nem gostava muito dessa imagem: ele era meio dramático, mas não kitsch. Não era um coração "romântico" e sim o coração músculo. A cada batida do órgão, ele sentia que não só ele vivia, mas também seu próprio amor.

Só que - assim é a vida - o amor não depende apenas de uma pessoa. E parece que o alvo do amor dele não estava muito satisfeito com aquele vai-e-vem por veias e artérias. Deixou-o.

O que seria dele? Ficaria anêmico? Leucemia? Nada disso. A dor da desilusão é afiada. Ele preferiu deixar seu amor - que já não tinha serventia - fluir. Morreu venal-arterialmente.

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