12.6.03

Istas


– Bom dia.
– Por que?
– Ahn?
– É...por que “bom dia?
– Como assim, “por que bom dia?
– Qual é o seu problema? Foi uma pergunta simples. Me dê uma razão pra esse ser um bom dia.
– Bom...O dia está bonito....
– Fraca essa. Além de beleza ser um conceito subjetivo, a “beleza” do dia não altera em nada a situação do mundo. É por essas e outras que eu nunca digo “bom dia”.
– Ah, já sei. Você é existencialista.
– Não. Sou realista.
– Sei não... Tá mais com cara de fatalista.
– E não é a melhor forma de ver a vida?
– Não. Eu prefiro ser otimista....
– Nos dias de hoje, ser um otimista é o mesmo que ser um entreguista. Não converso com ninguém que não seja no mínimo um reformista.
– Concordo que a situação mundial não é das melhores. Mas não adianta ter uma atitude derrotista.
– Derrotista não! Acredito numa melhora, mas é preciso fazer algo. Lógico que para isso é necessário que surja alguém que faça uma boa análise da nossa realidade...
– E quem seria esse analista?
– Não sou futurista! Como vou saber quem vai ser esse cara?
– Acho que as coisas estão melhorando, sinceramente. Confio no governo petista.
– Mesmo? Pensei que, com esse papo de otimismo, você fosse mais um neo-liberal.
– Nada...sou é socialista.
– Pois não parece...Hoje estou com tendências anarquistas, pra te ser sincero. Já fui comunista leninista–trotkista, mas agora são outros tempos.
– Com certeza...e o comunismo mudou muito, não? Desde o regime do Stalin não dá pra confiar nos vermelhinhos...Ele era um fascista.
– Isso é. Pode se ser comunista, socialista ou mesmo anarquista....mas sempre mantendo o ideal democrata.
– Democrata?
– É.
– Ah...pode ser...Mas acho esse conceito muito grego demais. É tão clacissista!

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