6.9.02

O Sorriso


A garotinha me olhou de dentro do ônibus escolar do Centro Educacional da Lagoa. Eu estava de óculus escuros, e talvez isso tenha lhe tivesse despertado a curiosidade. Ela me deu um sorriso, mesmo sem saber que eu a estava observando.

Se ela soubesse da raiva imbecil que tenho dela. Uma raiva sem propósito e burra, proveniente da inveja que senti da sua melhor sorte financeira, da sua infância recheada de brinquedos e guloseimas aos quais nunca tive direito, das suas bochechas rosadas, da sua educação excelente desde o maternal, do leque de opções que ela terá no futuro e que eu não tive e nem tenho mais tempo de ter.

A garotinha sorriu para mim. Eu não retribui o sorriso.

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