11.9.02

Oração


Acordei e fiz uma oração. Minha oração não se destinou a um deus velho e de barbas brancas que nos criou à sua imagem e semelhança, tampouco para o seu filho que se sacrificou por nós (?) sem que eu houvesse lhe pedido algo, e por isso mesmo não me julgo devedor de nada. Menos ainda para o Espírito Santo ou para o mistério da Santíssima Trindade, pois de mistérios a minha vida já está cheia. Não orei também pelas milhares de vítimas do terrorismo – seja ele oficial e aceito de bom grado pela comunidade cristã ocidental ou executado por xiitas – nem pelas crianças que morrem de fome nos quatro cantos desse planeta moribundo.

Orei, admito, para mim. Da forma mais egoísta que alguém já pode ter orado. Eu me permiti fazer isso. Não suporto mais qualquer tipo de dogma estabelecido. Misturo o sagrado e o profano, pecador confesso e convicto que sou. Rezei por meu próprio benefício, narcisisticamente. Orei para algo que não compreendo, mas sinto que existe. Não lhe vejo a face ou seus milagres, não o amo acima de todas as coisas e ainda assim, filho pródigo e ingrato, espero sua benção.

E não me arrependo nem em pensamento por isso.

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