28.4.03

Ode à vingança


Não vale a vida
Nada, não isso, mas não esmoreço
Cada dia, uma vingança
E sei que a esperança cobra seu preço
Te odeio, não morra ainda
Porque a cada seta de sol, a cada lança
Emitida, mesmo de longe, cria a chaga
Já natimorta, em convalescença infinda
Companheira constante, dorida

Te odeio sim, e nem o choro de dor
Em torrente, perene, apaga
O que temos de arcar como tributo
Não morra ainda, ainda há o que penar
Não havia o que proibir no fruto
Não havia no começo pecado no ar
Não havia a culpa no início da saga
Não havia mesmo sequer quem culpar
Se meu ódio não deixa de ser uma forma de amor

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